segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A Casa do Caminho de Pedra - FINAL




Aurora levantou-se para fechar as janelas antes que a tempestade começasse. Havia uma atmosfera pesada no ar, e ela podia sentir que não era apenas devido à tempestade. Parecia que alguma coisa estava sendo purgada de sua vida, e que após aquela tempestade, tudo ficaria bem. Ela poderia parar de se esconder. Eram apenas pressentimentos, mas Aurora aprendera que seus pressentimentos muitas vezes eram bem concretos.

Estava parada à janela vendo a chuva que começara a cair de leve. 
Na pequena cidadezinha, um estranho acabara de chegar. Pedia informações sobre uma casa cujo caminho era de pedras.

O senhor que deu-lhe a informação, indicando-lhe o caminho, disse:

-Leve algumas pedras para colocar no caminho e ajudar a moça a terminar a estradinha que leva até a casa! Dizem que só faltam mais algumas. 

E contou-lhe a história do caminho de pedras. Assim, o forasteiro parou no caminho e colocou alguma pedras lisas na mala do carro. O céu estava escuro, e prometia uma tempestade para dali a pouco. Ele agiu rapidamente, e escolheu algumas pedras mais lisas e chatas que ele achou que poderiam ficar bem em uma trilha. 

A tempestade caiu, e Aurora fechou as janelas. Parecia que o mundo estava desabando lá fora! Mas após meia hora, ela percebeu que os pássaros recomeçaram a cantar, e uma nesga de sol convidou-a a abrir novamente as janelas. Ela foi lá para fora, sentir o cheiro maravilhoso de jasmins e terra molhada. O céu estava novamente azul. Havia borboletas imensas, multicoloridas, e muitos passarinhos. 

Quando Aurora olhou para o chão, viu que alguém tinha terminado a estrada de pedras. Finalmente, o caminho estava pronto! Ela teve mais um daqueles seus bons pressentimentos, e seguiu pelo caminho até a beira da estrada. Quando deparou com um carro vermelho, estacionado junto à estrada, ela logo soube de quem era. Caminhou até ele, e ao olhar para dentro, viu um rosto conhecido e amado que dormia. 

Mal pode conter sua alegria, e as lágrimas desceram, uma a uma, mas lágrimas de felicidade. Ele abriu os olhos, e finalmente, seus olhares se encontraram após tanto tempo separados!

João saiu do carro, e abraçou-a com força, dizendo seu nome várias vezes: “Rúbia, minha querida Rúbia...” mas ela calou-o com um beijo, e depois corrigiu-o:

-Não sou Rúbia. Aqui, eu sou Aurora. 

E o sorriso dela pareceu-lhe como a aurora em manhã de primavera.



Um comentário:

  1. Adorei!
    Sinto aquela nostalgia do fim de uma boa história. Os personagens iniciam a acomodação na mente que ainda lhes irá procurar gestos e momentos.

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