IV – Poder de Sedução
Arrumei para ele o segundo quarto – o quarto branco. Ele não era usado há muito tempo, segundo minha avó, e ela me encarregou de arrumá-lo. Caprichei na arrumação da cama, varri o chão, tirei o pó, coloquei uma garrafa de água fresca na mesa de cabeceira, perfumei os lençóis com água de alfazema.
A chuva parecia que não daria trégua tão cedo. Após o jantar, para o qual minha avó me convidou, talvez por se preocupar com o que ele poderia pensar quanto a ela deixar sua própria neta jantar na cozinha com os empregados, ele se despediu e foi para o quarto.
Por volta de uma da manhã, levantei vagarosamente e fui levar uma manta para ele. Quando abri a porta do quarto, achei que ele estivesse dormindo, mas ele sentou-se para me olhar, e fiquei de pé, na penumbra do quarto, a manta pendurada no braço.
-Achei que esfriou um pouco. Trouxe uma manta para você.
Aproximei-me da cama, cobrindo-o. Ele segurou meu pulso.
-Não conheço você, mas... você me faz duvidar se devo ou não me casar. Estou noivo... mas desde que a vi pela primeira vez, só consigo pensar em você.
-Eu me deixei ficar ali, de pé, ao lado da cama. O cheiro másculo que ele exalava não me era indiferente. Eu tinha a libido muito forte. Além daquilo, Dr. Gustavo era um homem muito bonito e desejável. O calor dos dedos dele em volta do meu pulso me arrepiou.
-Também me sinto atraída pelo senhor.
-Me chame de ‘você.’
-Minha avó não ia gostar...
-Ela não está aqui agora, Cristina.
Minha respiração estava ofegante, e eu não conseguia controla-la. Ele percebeu. Disse:
-Por que não fecha a porta e volta aqui?
Eu queria muito fazer aquilo. Mas achei que se o fizesse, perderia o jogo. Precisava deixa-lo absolutamente louco por mim. Não podia ceder tão facilmente. Então, sem pensar, soltei-me da mão dele e corri para fora do quarto, fechando a porta atrás de mim.
Na manhã seguinte, enquanto todos tomávamos café, ele mal podia conter-se, e me olhava o tempo todo. Minha avó, que nada tinha de tola, logo percebeu o que estava acontecendo. Quando ele foi embora, despediu-se de mim beijando-me a mão, na frente dela. Fiquei à porta, olhando a poeira do carro na estrada. Quando entrei, deparei com os olhos perscrutadores e frios dela presos em mim:
-Parece que os homens daqui tem mesmo uma queda por empregadinhas. – e após uma breve pausa, ela acrescentou: - Hoje você pode voltar a comer na cozinha.
Engoli minha indignação. Tinha vontade de saltar sobre ela e estrangulá-la, mas me contive, e pensei em tudo o que poderia conseguir se engolisse aquela injúria.
(CONTINUA...)
Resolvi voltar aos poucos, agradecendo todo o apoio e carinho que me têm endereçado. Peço desculpa por ser mensagem “ copy past” mas só assim posso “ chegar a todos” porque o merecem. Obrigada!
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Soltando aquela criança, enquanto deambulava
Beijos e um excelente dia.