segunda-feira, 24 de junho de 2019

INOCÊNCIA - CAPÍTULO XXV - PARTE II- Poder de Sedução




IV – Poder de Sedução

Arrumei para ele o segundo quarto – o quarto branco. Ele não era usado há muito tempo, segundo minha avó, e ela me encarregou de arrumá-lo. Caprichei na arrumação da cama, varri o chão, tirei o pó, coloquei uma garrafa de água fresca na mesa de cabeceira, perfumei os lençóis com água de alfazema. 

A chuva parecia que não daria trégua tão cedo. Após o jantar, para o qual minha avó me convidou, talvez por se preocupar com o que ele poderia pensar quanto a ela deixar sua própria neta jantar na cozinha com os empregados, ele se despediu e foi para o quarto. 

Por volta de uma da manhã, levantei vagarosamente e fui levar uma manta para ele. Quando abri a porta do quarto, achei que ele estivesse dormindo, mas ele sentou-se para me olhar, e fiquei de pé, na penumbra do quarto, a manta pendurada no braço. 

-Achei que esfriou um pouco. Trouxe uma manta para você.

Aproximei-me da cama, cobrindo-o. Ele segurou meu pulso.

-Não conheço você, mas... você me faz duvidar se devo ou não me casar. Estou noivo... mas desde que a vi pela primeira vez, só consigo pensar em você. 

-Eu me deixei ficar ali, de pé, ao lado da cama. O cheiro másculo que ele exalava não me era indiferente. Eu tinha a libido muito forte. Além daquilo, Dr. Gustavo era um homem muito bonito e desejável. O calor dos dedos dele em volta do meu pulso me arrepiou. 

-Também me sinto atraída pelo senhor.

-Me chame de ‘você.’ 

-Minha avó não ia gostar...

-Ela não está aqui agora, Cristina. 

Minha respiração estava ofegante, e eu não conseguia controla-la. Ele percebeu. Disse:

-Por que não fecha a porta e volta aqui?

Eu queria muito fazer aquilo. Mas achei que se o fizesse, perderia o jogo. Precisava deixa-lo absolutamente louco por mim. Não podia ceder tão facilmente. Então, sem pensar, soltei-me da mão dele e corri para fora do quarto, fechando a porta atrás de mim. 

Na manhã seguinte, enquanto todos tomávamos café, ele mal podia conter-se, e me olhava o tempo todo. Minha avó, que nada tinha de tola, logo percebeu o que estava acontecendo. Quando ele foi embora, despediu-se de mim beijando-me a mão, na frente dela. Fiquei à porta, olhando a poeira do carro na estrada. Quando entrei, deparei com os olhos perscrutadores e frios dela presos em mim:

-Parece que os homens daqui tem mesmo uma queda por empregadinhas. – e após uma breve pausa, ela acrescentou: - Hoje você pode voltar a comer na cozinha. 

Engoli minha indignação. Tinha vontade de saltar sobre ela e estrangulá-la, mas me contive, e pensei em tudo o que poderia conseguir se engolisse aquela injúria. 

(CONTINUA...)





Um comentário:

  1. Resolvi voltar aos poucos, agradecendo todo o apoio e carinho que me têm endereçado. Peço desculpa por ser mensagem “ copy past” mas só assim posso “ chegar a todos” porque o merecem. Obrigada!
    .
    Soltando aquela criança, enquanto deambulava
    Beijos e um excelente dia.

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