terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Meu Primeiro Namorado - Parte I





25/01/2014

Eu gosto de um menino. Minha mãe não quer que eu namore, e diz que meninas de treze anos deveriam estar brincando de bonecas, mas eu prefiro ficar mexendo no meu celular. Meu pai insiste em me dar bonecas de presente, sempre que viaja me traz uma, e eu coloco em cima do armário para ele não ficar triste. Já doei a maior parte das minhas bonecas, e nunca me arrependi. Minhas amigas acham cafonas as meninas de treze anos que ainda brincam de bonecas, e eu não quero que me achem cafona.

Mas eu resolvi escrever este diário porque eu gosto de um menino, mas não posso contar isso para ninguém, porque ele é namorado de uma de minhas amigas. O nome dele é Rodney, e tem dezesseis anos. Ele é lindo! Moreno de praia, cabelos curtos e alourados (dizem que ele passa parafina, porque gosta de surfar, e sabe fazer isso muito bem, mas eu não me importo se ele não for loiro de verdade, porque muitas das minhas amigas também não são). Mas voltando ao Rodney: ele é tudo de bom! Bem, menos quando eu o vejo passeando de mãos dadas com a Vanda, a minha amiga de quinze anos... daí, eu sinto meu coração inchar e inchar cada vez mais, parecendo que vai sair pulando pela boca e cair bem em cima dos meus pés! Não aguento mais guardar esse segredo, e por isso, resolvi escrever este diário.

A propósito, meu nome é Brenda, e eu tenho 13 anos (já escrevi isso). Nunca namorei ninguém. Uma vez, durante um bailinho na casa de uma amiga, um menino da escola me chamou para dançar, e de repente, começaram a tocar uma música lenta. Continuamos dançando, ele colocou a mão em volta da minha cintura. Senti uma coisa esquisita, uns arrepios... ele era bonitinho, mas eu já gostava do Rodney, que naquela época, ainda não namorava a Vandinha. Daí, quando ele tentou me beijar, eu virei o rosto. Perdi a minha grande oportunidade de ensaiar o beijo que eu queria dar no Rodney. Depois daquilo, o tal menino nunca mais falou comigo, mas eu nem liguei, não gosto dele mesmo...

O que também me preocupa, é que todas as minhas amigas já beijaram. Eu tento mentir, fazer elas acreditarem que eu também, mas elas não acreditam, e me chamam de "Virgenzinha." Mas minha mãe me explicou que virgem é uma coisa bem diferente, e eu sei muito bem que algumas das minhas amigas não são mais virgens. Eu ainda sou, mas não sei se isso é bom ou ruim.

Tenho que ir, minha mãe está chamando para almoçar.


27/01/2014

Hoje o dia foi maravilhoso! Estamos de férias, e viajamos para a praia, onde meus pais alugaram uma casa. Vamos ficar aqui mais alguns dias. Eles deixaram eu levar uma amiga, e adivinhem só quem eu escolhi? A Vandinha! Isso mesmo! Só assim eu posso fazer com que ela fique longe do Rodney por um tempo... mas até que está sendo divertido. Ela é boa companhia.

Pena que liga para o Rodney ou fala com ele pelo Skype o tempo todo. Mas eu sei o que vou fazer: vou desconectar o wifi, assim ela não vai mais poder falar com ele pelo Skype. E então vou esconder o carregador de bateria dela, e dizer que esqueci o meu em casa. Eles não vão poder se comunicar!

Mas... peraí, que espécie de amiga você é, Brenda? Ah, eu gostaria de ser um pouquinho mais cruel... mas não consigo. Também, que idea, chamar a minha rival para vir comigo à praia! 

28/01/14

A Vandinha extrapolou (mas não sabe disso): me pediu se eu poderia pedir aos meus pais que deixassem ela convidar o Rodney para o final de semana! Nem pude dizer que não; temos um quarto vazio. Pior de tudo: meus pais deixaram! 

Ela falou com ele pelo Skype, e ele disse que vem. Adora praia, e precisa treinar para um campeonato de surf. Eu fiquei ali, ouvindo a conversa, fingindo um sorriso amarelo, dando 'tchauzinho' para ele. Que raiva. E o pior de tudo, é que com o Rodney aqui, além de ter que aturar as ceninhas de amor, vou ter que ficar muito tempo sozinha ou segurando vela. Que saco!

(noite) O Rodney chegou. Viajou hoje de manhã mesmo. Trouxe a prancah de surf. Está ainda mais gato. Parece que vai conseguir me deixar louca. Depois do jantar, nós fomos dar uma volta para tomar sorvete, todo mundo junto. Minha mãe e meu pai adoraram o Rodney, que ficou o tempo todo encantando eles... ele é mesmo encantador, sabe conversar, soa responsável e ajuizado quando quer. a A Vandinha parecia que ia babar em cima dele a qualquer momento. Os dois de mãos dadas, meus pais de mãos dadas e eu me sentindo uma pirralha seguradora de vela. 

Eu não estava feliz, e não consegui disfarçar. Quando meu pai me chamou num canto e  perguntou o motivo, eu disse a primeira coisa que me passou pela cabeça: que estava com dor de estômago. Nem sei como vai ser o dia amanhã, já que vamos todos juntos à praia!

29/01/14

É claro que o céu estava azul, havia uma brisa soprando, palmeiras, sorvetes, água de coco, gente feliz e música tocando vinda de uma barraca cheia de gente jovem. É claro que minha mãe e meu pai encontraram uns amigos e ficaram conversando com eles o tempo todo na barraca deles. É claro que a Vandinha e o Rodney foram dar uma volta, e é claro que eu fiquei sozinha na maldita barraca!

Mas aconteceu uma coisa diferente: tinha um carinha me olhando. Tinha um carinha me olhando, e ele era gato. Tinha um carinha me olhando, e ele era gato, e eu fiquei nervosa. Tentei não olhar de volta. Já pensou a confusão, se meus pais percebessem? Mas eu estava sozinha na barraca, e pensei: vai ver que ele acha que eu estou sozinha aqui. Ele ficou me filmando um tempão, e teve uma hora que eu olhei e ele sorriu pra mim. Me deu uma vontade de rir, e eu ri. E fiquei vermelha feito uma idiota. 

Ele ia levantar para falar comigo, mas naquele exato momento, meu pai veio pegar o celular, e ele sentou de novo. Mais tarde, a Vandinha e o Rodney voltaram, e eu percebi que o Rodney era gato, mas nem chegava aos pés do carinha que estava me olhando: ele é mais alto, tem uns músculos, e mesmo não sendo muito bronzeado, tem uns olhos azuis que dão vontade da gente mergulhar neles. Pena que tivemos que voltar para a casa, e ele ficou lá. Com certeza, arranjou outra mais interessante...

30/01/14

Acordei mais cedo do que todo mundo, e fui andar na praia, antes do sol sair. Não sei o que me deu. A praia ainda estava bem vazia. Deixei todo mundo dormindo, mas deixei um bilhete na mesa da cozinha dizendo que voltava logo. Peguei uma maçã e fui comendo. E quem foi uma das primeiras pessoas que eu vi na praia, sozinho também? O tal carinha, o gato.

Ele vinha andando na direção contrária. Ambos caminhávamos na areia, bem perto do mar. Eu vi quando ele me viu, e ficou me olhando. meu coração parecia que ia sair pela boca e... blá, blá, blá. Quando eu estava chegando bem perto, ele tirou os óculos escuros e disse "Oi." Eu parei, tirei os óculos escuros e surpresa com a minha ousadia, disse "Oi."  daí, ele riu, e perguntou meu nome, e disse que se chamava Pablo. Disse que estava passando férias, e eu disse que eu também. Perguntou se podia andar comiglo, e ficamos andando lado a lado, a brisa soprando, o sol começando a esquentar... nós nos sentamos na areia. Conversar com ele é tão fácil!

Mas eu me lembrei que tinha que voltar para casa logo, e disse isso para ele. Ele perguntou se poderíamos nos encontrar mais tarde, e eu disse que sim. Agora, como vamos fazer isso, eu não sei, mas a Vandinha vai ter que me ajudar!

(Noite, ou melhor, madrugada) - Falei com a Vandinha, e ela teve a ideia de me convidar para tomar um sorvete de noite com ela e o Rodney, e meus pais deixaram. Não falei sobre o Pablo, é claro. Vamos nos encontrar em uma sorveteria perto da praia daqui a uma hora!

(continua...)





3 comentários:

  1. Fiquei muito curiosa pra saber como é que isso vai terminar , hahahah .
    Adorei !

    Beijão

    cancoeseflores.blogspot.com.br

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  2. Que delícia, lembrar do 1º namorado!
    Fase linda de escrever em "Diário", está emocionante, amei!
    Obrigada, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  3. Uma historia que cria curiosidades nesta triangulo. Vamos ver no que vai dar este encontro, este Pablo, se o sorvete vai derreter seu coração para um novo sonho.
    Belo trabalho amiga.
    Inicio de ano e prazer em estar por aqui.
    Abraços com carinho.

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