A RESENHA DO MAL – Capítulo V
Décio sentiu o coração acelerar. Tentou
lembrar-se das coisas que Marta lhe dissera sobre aquela família, e que ele
gravara e escutara novamente ao chegar na casa que alugara no dia anterior.
Enquanto esperava por Endora, ele voltou a olhar as fotografias antigas, e
percebeu que havia muitas coisas naqueles olhos que os fitavam nas molduras que
apenas quem fosse muito observador, como ele, poderia perceber. Sentia uma
certa ansiedade ao esperar na sala vazia, cercado pela mobília antiga e os
tapetes gastos que ainda mostravam um pouco da fortuna e glamour que aquela
família possuíra um dia. Era como se ele estivesse pisando em terreno proibido,
e sentisse os olhares de reprovação das pessoas nas fotografias. Como seria
Endora? Imaginava-a como sendo uma mulher de semblante duro e frio, levemente
encarquilhada devido à idade e à doença, extremamente feia, de unhas longas e
sujas, cabelos desgrenhados e olhar maldoso. Novamente, sentiu um arrepio em
suas costas, e instintivamente, virou-se para olhar, tomando um grande susto ao
notar que Sophie e a mãe – Endora – o observavam, de pé à entrada da sala. Não
escutara as duas se aproximando, e seu coração deu um pulo.
A mulher que estava diante dele não era nada
parecida com o que ele tinha em mente: Endora era uma mulher envelhecida sim, e
um tanto alquebrada pela doença, mas era altiva, e seu olhar não era maldoso;
pelo contrário, era profundo e sereno. Tinha os cabelos totalmente brancos
presos em um coque na nuca, e as unhas, pintadas de cor-de-rosa claro e
cortadas bem curtas, nada tinham de aterradoras. Ele ficou parado, olhando para
elas. Sophie ajudou a mãe a sentar-se, cochichando algo em seu ouvido, e saiu,
batendo a porta de entrada. Um pouco que restava da luz do dia entrou pela
porta quando ela passou. Décio escutou um trovão bem ao longe.
Aproximou-se de Endora, que ergueu o braço a
fim de impedir que ele chegasse mais perto, e fazendo sinal para que se
sentasse na poltrona em frente a ela. Endora nada disse, apenas permaneceu
sentada olhando-o, as mãos cruzadas sobre o solo. Décio notou que o vestido que
ela usava era muito antiquado, mas estava em perfeito estado. Talvez estivesse
vestindo as roupas dos tempos em que era jovem, ele pensou. Como ela não
dissesse nada, ele pigarreou e falou:
-Obrigada por me receber, Dona Endora.
Ela o cortou:
-Endora. O que você deseja, meu jovem?
Ele tentou relaxar, encostando na poltrona e
procurando passar uma expressão gentil e confiante ao mesmo tempo. Cruzou as
pernas. Depois, descruzou-as. A mulher deixava-o nervoso. Décio não era do tipo
de pessoa que se intimidasse pela presença de ninguém, e Endora o intrigava.
-Acho que Sophie já disse quem sou; eu...
-Não; diga-me você mesmo.
Ele notou que ela era muito direta, e achou
melhor ser direto também; cortou as formalidades e gentilezas:
-Bem, meu nome e Décio, e sou jornalista.
Trabalho para a revista Vórtice. Estou interessado em escrever a sua história. A
versão que ninguém jamais escutou.
-E por que você acha que eu estaria interessada
em contar a minha versão dos fatos?
O tempo todo, Endora mantinha os olhos presos
nele, quase sem piscar. Décio remexeu-se na cadeira, cruzou as pernas e
deixou-as cruzadas daquela vez. Abriu a boca para falar; por que ele achava que
ela estaria interessada, após tantos anos, já doente terminal, em contar a sua
história?
-Bem, Endora... acredito que fará bem a você.
-A mim? Por que?
Ela não parecia zangada. Mantinha o tom de voz
controlado e suave. Décio suspirou. Notou que estava ficando cada vez mais
ansioso, e começou a escutar um leve zumbido dentro de sua cabeça.
-A versão que todos sabem, é que a senhora...
digo, você... envenenou sete pessoas em um só dia, de maneira fria e cruel, e
confessou o crime. Entregou sua única filha a uma irmã que mora na Europa e
nunca mais a viu, a não ser agora. Todos a enxergam como uma assassina fria e
sem escrúpulos. Eu... de alguma forma, agora que a vi pessoalmente, sinto que
isso não é verdade...
De repente, Décio percebeu que aquela mulher
que estava sentada diante dele não poderia ser uma assassina fria! Endora
balançou a cabeça, parecendo divertida, e deixou escapar um leve sorriso:
-Acha mesmo que eu passaria vinte e cinco anos
na prisão por um crime que eu nunca cometi? Não acha que, se eu não os tivesse
matado, eu teria tentado fugir enquanto podia, ao invés de chamar a polícia e
confessar tudo? Daria tempo... só descobririam os corpos no dia seguinte, e eu
já estaria longe, talvez a caminho de um outro país com a minha filha. Mas preferi
chamar a polícia, confessar tudo. Mandar minha filha para longe de mim. Me
arriscar a morrer sem vê-la novamente. Ser o alvo de comentários maldosos e
sentimentos de ódio de quase todas as pessoas da cidade, e quiçá, do mundo...
Enquanto eles conversavam, começou a escurecer
lá fora, e os trovões iam chegando cada vez mais perto. O vento começou a
soprar forte, assoviando nas venezianas, e as folhas secas que estavam no chão
da varanda arrastavam-se pelo piso. Endora levantou-se, acendendo alguns
abajures. Voltou a sentar-se diante do rapaz, demonstrando a mesma fria calma
de antes. Aguardava que ele respondesse sua pergunta. O silêncio prolongou-se
entre eles, e ela mandou agitou um pequeno sino que trazia no bolso da saia.
Décio observou uma outra senhora entrar em silêncio, e parar diante de Endora,
que ordenou:
-Diana, por favor, traga duas xícaras de café
preto e alguns sanduiches. Coloque sobre a mesa.
Diana virou-se e saiu da sala, sem nada dizer,
tão silenciosamente como quando entrou. Endora virou-se novamente para ele:
-Bem, meu rapaz, estou esperando sua resposta;
por que você acha que eu gostaria de contar a minha versão desta história tão
antiga?
Décio viu sua confiança voltar, e ele,
erguendo-se da poltrona, começou a andar pela sala diante de Endora, as mãos
gesticulando enquanto começou a falar:
-Após tanto tempo, você desejou volta a esta
fazenda. Sei que você e sua filha são ricas e poderiam escolher qualquer lugar
no mundo para ir, enquanto trata de seu problema de saúde...
-Meu problema de saúde é um câncer em estado
quase terminal, e não há tratamento para isso, jovem.
Décio desconcertou-se, mas logo reuniu forças
para continuar. Precisava soar convincente, se quisesse conseguir sua história.
-Exatamente! Se voltou aqui, foi em busca de
resgate. Você quis ressuscitar velhas lembranças, talvez... a procura de uma
justificativa, ou quem sabe, de remissão. Uma certeza de que agiu certo. A melhor
maneira de fazer isso, seria contando a sua história.
-Se for assim, então eu vou contratar um
psicólogo, ou um analista para me ouvir... por que eu a contaria a um
jornalista ambicioso em início de carreira?
Décio ficou petrificado, a boca entreaberta. Só
pode dizer:
-Eu não estou em início de carreira...
Endora continuou olhando para ele, e por trás
daquele cenário tenso, Diana entrou e depositou a bandeja com o café e os
sanduíches sobre a mesa, saindo em seguida. Endora levantou-se com um pouco de
dificuldades, mas quando Décio fez menção de ajuda-la, ela novamente ergueu o
braço repelindo-o.
-Venha, vamos tomar café. Não repare se eu não
como muito, os remédios me deixam sempre bastante enjoada. E perdoe a minha
maneira crua de falar. Acho que vinte e tantos anos em uma cadeia tiram o
traquejo social de qualquer um.
Décio seguiu-a até a mesa, sentando-se no lugar
que ela indicou a ele. Ela encheu as xícaras, e tomou um gole do café pousando
sua xícara novamente e afastando-a de si
o mais longe que conseguiu. Décio percebeu que o cheiro do café deixara-a
enjoada. Solidário, apesar de desejar muito tomar o café, ele também afastou a
sua xícara e a bandeja com os sanduíches, que faziam sua boca aguar de vontade.
Endora tentou sorrir para ele. Apoiou a cabeça em uma das mãos, e ele ficou
preocupado:
-Quer que eu chame alguém?
-Não... já vai passar...
Eles permaneceram em silêncio por alguns
instantes, até que ela respirou fundo:
-Estou melhor... mas tome seu café, coma um
sanduíche.
Ele obedeceu, enquanto ela o olhava comer.
-E então? Por que eu deveria contar minha
história a você?
-Porque eu vou torna-la pública. Quero
escrevê-la, publicá-la. Todos saberão a sua versão dos fatos, a verdadeira
versão.
-E por que você pensa que a minha primeira
versão não foi verdadeira?
Ele foi pego de surpresa. Hesitou. A chuva
começou a cair lá fora, tamborilando sobre as telhas, querendo perfura-las. Um cheiro
de terra molhada entrou pelas gretas das janelas. Décio sabia que a história
não era verdadeira, mas não entendia como.
-Eu só sei que... sei. Talvez seja meu faro de
jornalista, sei lá...
Ela assentiu vagarosamente. Não respondeu.
Pegou novamente o sino, e Diana reapareceu,
ficando em pé junto a ela. Endora olhou para Décio por um tempo um pouco longe
demais, e depois, enquanto se apoiava em Diana para levantar-se, pedindo que
ela a levasse para o seu quarto e lhe desse uma dose de analgésico, disse:
-Falarei com você amanhã. Mas está chovendo
muito agora. Passe a noite aqui.
Antes que Décio respondesse, as duas se
afastaram, subindo as escadas devagar. Décio ficou sozinho na sala de jantar, e
agarrou mais dois ou três sanduíches, e estava ocupado devorando-os quando
Sophie o surpreendeu:
-Ora, ora... você conseguiu. Ela vai ceder uma
entrevista... quem diria!
Ele engoliu os sanduíches, limpando a boca com
as costas da mão:
-Hum-hum... diga a ela que fiquei muito
agradecido pelo convite de passar a noite, mas não posso... não trouxe
roupas... e eu vou indo. Estarei de volta amanhã cedo. Obrigada, devo isso a
você também.
Dizendo aquilo, ele foi andando para a porta,
mas ao abri-la, uma rajada de vento, folhas secas e chuva quase o derrubou. Com
dificuldades, Décio voltou a fechar a porta. Sophia ria sarcasticamente.
-Venha, vou levá-lo a um dos quartos, e não se
preocupe: temos água corrente por aqui, você poderá tomar um banho, e usar uma
das roupas de meu pai.
A ideia de usar as roupas do falecido não
agradou a Décio, mas ao mesmo tempo, ele se lembrou de que nunca fora supersticioso.
Encolheu os ombros, e seguiu Sophie, agarrando mais um dos sanduíches no
caminho.
Ela o conduziu a um dos quartos no final do
corredor. Deixou-o sozinho, e logo voltou com toalhas, roupas de cama e uma
muda de roupas, e entregou a pilha a ele, saindo em seguida. À porta, ela se
voltou de repente:
-O jantar é às sete e trinta.
Décio tomou um banho no banheiro da suíte. O
chuveiro antigo quase pingava água, mas o banheiro estava limpo, e aquilo era
melhor que nada. Sentiu saudades da sua super ducha. Em seguida, ele pegou as roupas que Sophia lhe
trouxera (um par de calças de brim cáqui pouco usadas e camisa branca). As
roupas ficaram perfeitas, como se tivesse sido feitas para ele. Lavou a
camiseta suada e os shorts na água do banho, pendurando-as sobre o boxe. Depois,
colocou na cama o lençol branco e a fronha no travesseiro novo, esticando o
lençol de cobrir sobre tudo. Fazia calor, e ele achou que suas roupas tinham
uma grande chance de estarem secas pela manhã. Abriu um pouco o basculante do
banheiro para que o ar entrasse – ele achava estranha a maneira como elas
mantinham as janelas e portas da casa sempre fechadas.
Olhou no relógio: seis horas. Ainda tinha uma
hora e meia antes do jantar. Abriu as portas, olhando o corredor vazio,
iluminado por fracas lâmpadas ao longo das paredes. Parecia estar em um cenário
de filme de terror. A chuva caía torrencialmente lá fora. Descobriu-se pensando
que gostaria de estar em seu apartamento barulhento, longe daquele lugar
medonho. Saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Tentaria encontrar
Sophie.
Desceu as escadas vagarosamente, e teve a
sensação, a cada degrau que pisava, de que alguém atrás dele o seguia. Ouvia o
ranger dos velhos degraus de madeira quando ele os pisava se repetirem atrás de
si, depois que ele passava. Quando ele parava, fazia silêncio. Se ele voltava a
descer, o mesmo fato ocorria. Décio achou que estava apenas sendo vítima do
próprio sistema nervoso. Finalmente, chegou ao último degrau e suspirou de
alívio.
A sala estava escura e vazia. Não havia ninguém
ali. Pensou em como era estranho que as pessoas daquela casa mantivessem as
luzes apagadas em um começo de noite tão escuro como aquele. Corajosamente, ele
se encaminhou para a sala, aonde ele sabia que estava o interruptor de luz. Sorriu
ao perceber que alguém vinha em sua direção – tinha a forma de uma mulher alta
-, e pensando que fosse Sophie, ele disse:
-Até que enfim eu encontrei você... essa casa
pode ser bem assustadora, não acha?
A pessoa que vinha caminhando na direção dele
estancou o passo. Décio podia ver bem claramente a forma do corpo na semiescuridão
da sala, desenhada pelos relâmpagos quando a claridade destes penetrava as
vidraças sobre a porta. Mais um relâmpago, e ele percebeu que a mulher parada
ali não era Sophie; estava diante de uma pessoa bem mais velha, o rosto muito
branco e assustado. Imediatamente, ele levou a mão à parede, tateando pelo
interruptor. Precisava saber quem seria ela. Ao mesmo tempo, tinha a terrível
sensação de que já vira aquele rosto antes, em uma das fotografias. Ao acender
a luz fraca, ainda viu a mulher fazer um gesto, pedindo silêncio, os olhos
arregalados. E então ela simplesmente sumiu diante dos olhos dele.
Décio custou a acreditar no que tinha acabado
de ver. Mais que depressa, ainda sentindo arrepios percorrerem sua espinha, ele
foi olhar novamente as fotografias, e foi assim que Sophie o encontrou ao
entrar na sala. Ela o chamou pelo nome, e quando ele se virou para ela, Sophie
percebeu que ele estava muito pálido e desconcertado. Décio tentou não
demonstrar seu estado de espírito, mas Sophie logo captou-o. Tentou descontrair
um pouco:
-Vejo que você realmente gosta de fotos
antigas, hein? Toda vez que eu entro aqui, eu o pego olhando para elas.
-Sophie... quantas pessoas vivem aqui nesta
casa hoje?
Ela encolheu os ombros:
-Eu, minha mãe... Diana. Há as mulheres dos
empregados, mas elas só entram aqui se eu mandar, ou melhor, implorar... ou ameaça-las
de demissão. Por que?
Décio balançou a cabeça.
-Nada... sua mãe está melhor?
-Ela vai ficar na cama. Diana deu-lhe uma dose
forte de analgésicos, e quando isso acontece, ela dorme a noite toda. Melhor assim.
Eu... estou na cozinha preparando o jantar. Venha comigo.
Décio seguiu-a para os fundos da casa, passando
por mais duas salas. Na última, havia um enorme piano de cauda antigo muito
bonito. Décio olhou para ele, e sem saber o motivo, perguntou:
-Você toca piano?
Ela riu:
-Mais ou menos... por que?
-Nada, é que vi um piano lindo ali... quem o
tocava?
Ela encolheu os ombros:
-Minha avó. Ela sabia tocar bem. Eu me lembro
de ouvi-la tocar. Mas ela não gostava que eu ficasse ouvindo, ela não gostava
muito de mim... aliás... não gostava nada.
Décio tentou imaginar o quanto deve ter sido
difícil para uma criança pequena viver entre pessoas tão hostis, sentindo-se
ameaçada o tempo todo, e com medo.
Chegaram a uma cozinha antiga e enorme, onde
havia uma mesa de madeira pesada. A pia de louças mais parecia um tanque de
roupas: era funda, forrada de azulejos antigos rachados. Acima dela, havia
muitas panelas de ferro e de cobre penduradas. Havia um fogão à lenha e um outro a gás,
também antigo, e sobre ele, uma terrina de molho de tomate exalava um delicioso
perfume. Ao lado desta, o macarrão cozinhava. Décio descobriu que estava com
muita fome, e ficou contente, pois adorava macarrão. Viu a garrafa de vinho
tinto sobre a mesa, que estava arrumada para dois, onde um castiçal queimava
três velas grossas de cer.. Achou melhor abrir a garrafa para que o vinho
respirasse antes de ser consumido.
-Aquela senhora... ela não vai jantar também?
-Diana? Não... ela janta mais cedo.
Décio observou Sophie coar o macarrão, despejando-o
sobre uma travessa e jogando o molho e o queijo por cima. Trabalhava com graça
e habilidade, o rosto sereno e confiante. Ela levou tudo para a mesa, onde
Décio já servira o vinho. Enquanto Sophie servia os pratos, Décio observava-a
em silêncio: como era bonita! Os cabelos curtos tinham sido lavados e não penteados,
e davam-lhe um ar de menina rebelde. Os olhos verdes, à luz fraca da cozinha e das
velas, brilhavam como duas esmeraldas escuras. Ela estava usando um vestido
preto de malha, simples, de mangas três quartos, saia rodada até os joelhos. Apenas
uma joia, uma gargantilha de veludo onde brilhava uma pedra vermelha de
cristal. Calçava botas de camurça preta, de saltos altos. Ele não cansava de
olhar para ela.
Sophie logo notou o olhar insistente dele,
armando-se novamente:
-A comida vai esfriar. Coma! E pare de me olhar
assim, eu não gosto.
Décio mal pode acreditar: Sophie era realmente
estranha, mudando de humor tão bruscamente! Ele não perdeu a confiança, usando
de sinceridade:
-Ora, me desculpe, não pretendi ofendê-la! É
que você é muito bonita, Sophie, e eu só estava admirando. Não pensei nada de
mal. Me desculpe de novo...
Silêncio entre eles. Décio comeu mais uma
garfada, arrematando com um bom gole de vinho. Sophie percebeu que ele comia
feito um ogro, sem realmente apreciar a comida. Ela aprendera com a tia que a
criara a comer devagar, saboreando cada garfada e parando sempre antes de
sentir-se realmente satisfeita. Assim, conservava-se sempre em forma. Perguntou:
-Como você consegue ter boa forma, mesmo comendo
de forma tão... compulsiva?
Ele ficou contente ao saber que ela reparara em
sua boa forma, e sorriu:
-É que eu me exercito muito. Malho quase todos
os dias. E você não?
-Não! Acho um horror essas garotas cheias de
músculos, mais parecem homens...
Ele deu uma gargalhada:
-Concordo! Algumas exageram. Prefiro as mais
femininas, mais delicadas...
Queria acrescentar “Como você,” mas achou
melhor calar-se. Ao invés disso, apenas observou:
-A comida está deliciosa, é o melhor macarrão
que já comi.
-Aprendi na Itália. Morei lá dois anos.
Continuaram a comer em silêncio. Ele serviu
mais vinho para ambos. Ela pousou o garfo, enquanto ele encheu o prato
novamente. Havia coisas que Décio gostaria de perguntar, mas achou melhor não
fazê-lo. Precisava conquistar a confiança dela antes. Quando terminaram de
jantar, a garrafa de vinho estava vazia. ele ajudou-a a arrumar tudo, e
conversaram sobre música e filmes enquanto lavavam e secavam as louças. Ela
estava descontraída de novo – talvez por causa do vinho. Às nove da noite, ela
bocejou. Ele achou que ainda era cedo demais para dormir, pois estava a
costumado a ficar acordado até bem mais tarde.
-Vocês não tem uma TV?
Ela riu:
-Há uma na sala, mas é antiga... e funciona
muito mal. Por que?
-É que ainda não estou com sono.
Nem eu.
Ele a surpreendeu olhando-o fixamente, muito
séria. Os olhos dela pareciam soltar faíscas. De repente, sem nada dizer, ela
levantou-se do seu lugar à mesa, onde tinham se sentado de novo, e caminhou
decidida até ele, sentando-se em seu colo inesperadamente, enlaçando seu
pescoço e dando-lhe um longo e ardido beijo. Décio sentiu que a calça ficara
apertada de repente. Ela não tinha nenhum escrúpulo: mostrava exatamente quais
eram as suas intenções, e não tinha medo de parecer vulgar. Ele a pegou pelos
quadris, erguendo-a apenas o suficiente para abrir o zíper da calça. Ela murmurou,
o rosto em chamas:
-Aqui não...
Segurou-o pela mão, levando-o diretamente para
o quarto que ele ocupava na casa, no final do corredor. A noite foi ardente,
com muitas ações e poucas – pouquíssimas – palavras.
(CONTINUA)
Expressivas palavras. Bela noite
ResponderExcluir\\\\\\\\\\lindas palavras, bela noite
ResponderExcluirOlá Ana
ResponderExcluirE assim não devemos julgar ante de conhecer.
bjs e boa semana.
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Primeiro conhecemos depois julgamos
ResponderExcluirou não...por isso julgar sem conhecer
não é nada agradável!
Abraços com carinho!
└──●► *Rita!!
CRUZES!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirEu tb fiquei sem palavras rsrs
Na espera da continuação.
Diretíssima... Assustador!
ResponderExcluirAnsiosa pelo próximo capítulo!
Abraços carinhosos
Maria Teresa
CARACA!! COMO ASSIM ANA?? QUE SOPHIE E ESSA?
ResponderExcluirMEDO DELA AGORA. COITADO DESSE DÉCIO.
KKKK AMANDO!! BJS