terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A CHAVE NO VASO - CONTO MINIMALISTA






A CHAVE NO VASO



bastante preensiva, o coração aos pulos, quase saindo pela garganta, eu caminhava pela rua reta. As casas ainda dormiam. Era manhã de domingo. Enquanto eu me dirigia ao meu destino, olhava tudo à minha volta e percebia que nada mudara. Os anos que passei longe pareciam não ter passado por ali.
Um sol fraco tingia de vermelho o horizonte, que queria amanhecer. Coloquei no chão minha valise, e fiquei contemplando aquela cena, mas na verdade, estava apenas tentando ganhar coragem.
Quando eu fui embora, saí pisando duro e batendo a porta. Não me importei com as súplicas de quem me pedia para ficar: "O mundo lá fora pode te despedaçar... aqui, estarás segura! Fique, pois esta é a tua casa."
Mas o horizonte gritava aventuras. 
Saí, e não olhei para trás. Mas pude vislumbrar, em meu pensamento, a figura de pé à porta, olhos presos às minhas costas até que eu desapareci na curva do caminho.
E agora, anos mais tarde, aqui estou novamente. 
Respiro fundo, e pego minha valise. Caminho mais um pouco. Pássaros cantam, e algumas janelas já começam a se abrir.
Paro em frente a casa que deixei há tanto tempo. Sobre o peitoril da janela, os três vasinhos de violeta carregados de flores. Sempre deixávamos a chave sob um dos vasinhos, caso um de nós chegasse mais cedo ou mais tarde. Poderíamos ter feito uma cópia da chave, mas isso teria tirado a emoção de procurar por ela. Era um jogo que gostávamos de jogar.
Levanto o primeiro vaso. 
Levanto o segundo vaso.
Levanto o terceiro vaso...




5 comentários:

  1. Olá Ana, interessante, encontrar a chave depois de algum tempo.
    já fiz isto, agora não confio mais, o tempo mudou e o perigo ronda em todo lugar.
    Grata pela visita, volte sempre, aquele cantinho é nosso. Abraços fica na paz de Deus.

    ResponderExcluir
  2. Talvez nao tenha mais chave e nenhum lugar para se voltar...

    Beijos...

    ResponderExcluir
  3. Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens é um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
    Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
    Ficarei radiante se desejar fazer parte dos meus amigos virtuais, saiba que sempre retribuo seguido também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
    Sou António Batalha.

    ResponderExcluir
  4. É tão gostoso vir a este seu espaço e ficar sabendo do que nos conta de forma doce , como você , Ana. Beijos

    ResponderExcluir

Obrigada por visitar-me. Adoraria saber sua opinião. Por favor, deixe seu comentário.

A RUA DOS AUSENTES - Parte 4

  PARTE 4 – A DÉCIMA TERCEIRA CASA   Eduína estava sentada em um banco do parque. Era uma cinzenta manhã de quinta-feira, e o vento frio...