Flores Secas - Um Romance - Epílogo
Dias depois, Amaro, já recuperado, deixara a clínica onde passara tanto tempo. Cândida levou-o para casa e ajudou-o a terminar sua recuperação, pois sabia que ele, tanto quanto ela, era uma vítima de Margarida.
Aos poucos, eles foram se conhecendo melhor e tornaram-se grandes amigos. Cândida aguardava que Amaro estivesse suficientemente recuperado para que pudesse mostrar-lhe as páginas do diário que faltavam, as que Margarida entregara ao seu pai, Fernando, durante seus encontros. Amaro tornava-se cada vez mais forte, recuperando os belos traços do seu rosto e a robustez masculina de seu corpo.
Cândida nem percebia, ainda, que a amizade dos dois estava se transformando em algo bem mais forte. Adorava passear com ele ao final das tardes de verão, quando conversavam sobre vários assuntos, conhecendo-se cada vez melhor. E Amaro também adorava a companhia da jovem, sentindo que seu coração finalmente se reabria para o amor, deixando para trás as lembranças de Margarida.
Uma noite, Cândida percebeu que era hora de deixá-lo saber de toda a história; sentados à mesa da sala de sua casa após o jantar, Amaro e Cândida juntavam todas as informações que tinham, montando um tétrico quebra-cabeças sobre Margarida. A verdadeira Margarida. Ela lhe mostrara as páginas do diário que Margarida tinha arrancado e entregue à Fernando, uma a uma, durante seus encontros. Ela as deixava sobre a mesa antes de ir embora, sem nada dizer.
Aos poucos, eles foram se conhecendo melhor e tornaram-se grandes amigos. Cândida aguardava que Amaro estivesse suficientemente recuperado para que pudesse mostrar-lhe as páginas do diário que faltavam, as que Margarida entregara ao seu pai, Fernando, durante seus encontros. Amaro tornava-se cada vez mais forte, recuperando os belos traços do seu rosto e a robustez masculina de seu corpo.
Cândida nem percebia, ainda, que a amizade dos dois estava se transformando em algo bem mais forte. Adorava passear com ele ao final das tardes de verão, quando conversavam sobre vários assuntos, conhecendo-se cada vez melhor. E Amaro também adorava a companhia da jovem, sentindo que seu coração finalmente se reabria para o amor, deixando para trás as lembranças de Margarida.
Uma noite, Cândida percebeu que era hora de deixá-lo saber de toda a história; sentados à mesa da sala de sua casa após o jantar, Amaro e Cândida juntavam todas as informações que tinham, montando um tétrico quebra-cabeças sobre Margarida. A verdadeira Margarida. Ela lhe mostrara as páginas do diário que Margarida tinha arrancado e entregue à Fernando, uma a uma, durante seus encontros. Ela as deixava sobre a mesa antes de ir embora, sem nada dizer.
É claro que Fernando percebeu que aquela era a maneira de ela dizer que precisava de ajuda. Estava louca. Margarida estava totalmente louca. Ele tentou ajudá-la e ter paciência com ela. Fazia com que ela comparecesse aos encontros e tentava conversar com ela, fazê-la falar. Mas ela tinha medo dele, permanecendo muda o tempo todo, comendo compulsivamente. E sempre deixava uma folha de papel embolada sobre a mesa antes de sair: as páginas de seu diário.
Mas ele teve de confrontá-la após sua esposa e filha terem sido envenenadas, a menina- Cândida – escapando por sorte. Como Margarida tinha descoberto onde elas estavam, ele nunca soube dizer. Então, colocou as páginas em um envelope e disse à Carlos que, se qualquer coisa acontecesse a ele, Cândida deveria ficar sob seus cuidados. Dizendo isso, deu à Carlos o envelope contendo as páginas do diário.
Conforme os anos se passaram e Cândida crescia, Carlos temia que a menina se envolvesse em tramas perigosas. Achou por bem esconder dela a existência das páginas, e também a causa da morte de Fernando, seu pai.
Só mesmo em seu leito de morte, anos depois, ele lhe revelou a existência do diário. Sabia que Cândida merecia uma vida melhor, e que era seu direito tentar.
A partir daí, a vida de Cândida resumiu-se em recuperar a herança do pai , que legalmente lhe pertencia, e passar a limpo toda a história. Queria limpar a honra de seu pai , que fora enterrado como o amante indigente de Margarida.
Ao terminar sua história, Cândida olhou para Amaro, sentado do outro lado da mesa. Ele parecia-lhe mudado, mais jovem, como se um enorme peso tivesse sido retirado de seus ombros. Ainda estava muito magro, mas a cor voltara-lhe aos olhos, e recuperava seu peso rapidamente.
Cândida disse a ele que sabia que aquela casa lhe pertencia, e que agora que ele estava bem novamente, só restava a ela ir embora. Mas pediu-lhe que desse a ela sua parte no legado.
Amaro continuava a fitá-la, sem nada responder.
De repente, ele levantou-se e caminhou até ela, fazendo com que ela se erguesse da mesa e segurando-a gentilmente pelos ombros. Os olhos dele estavam presos ao dela, e ela sentiu-se envolvida por um sentimento novo, que nada tinha a ver com ternura filial.
Ele disse:
“Fique nesta casa. Você veio para fazer com que ela voltasse a ser como nunca deveria ter deixado de ter sido: alegre e cheia de vida. Aprendi a lidar com as tragédias de minha vida, que a partir de agora, ficam todas para trás. Hoje compreendo que tudo o que vivi com Margarida foi verdadeiro. Afinal, ela me amou e me fez o mais feliz dos homens durante muitos anos. Devo olhar as coisas pelo seu lado melhor: ela me tirou tudo, mas também me deu tudo.
Sendo assim, eu a perdoo, e sinto meu coração leve e pronto a recomeçar.
Quero recomeçar minha vida, recuperar o tempo perdido.”
Neste momento, ele baixou os olhos e corou levemente, mas logo voltando a encará-la:
“ Você, Cândida, você... se casaria comigo?”
Ela olhou-o bem dentro dos olhos, e viu a si mesma aonde sempre desejaria estar: dentro dele. Ao lado dele.
Lá, onde o menino Diogo estava, havia uma grande festa. Margarida chegara. Finalmente, ele pudera abraçar sua mãe, que agora estava recuperada para viver junto deles. Mas Diogo e Lucinda sabiam que seria por pouco tempo, pois logo ambos renasceriam. Como os filhos de Amaro e Cândida.
Para Margarida, a nova existência não seria tão glamourosa, pois teria que resgatar seu passado.
Mas afinal, todos o faremos, um dia...
Mas afinal, todos o faremos, um dia...
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